Catimbau

História do Catimbau

Sítio Catimbau – foi criado por Cosme de Brito Cação (genro do mestre-de-campo Nicolau Aranha Pacheco). O sítio pertenceu em data posterior, aos baianos Francisco de Abreu e sua esposa: Maria Fernandes Barbosa que por sentença judicial, acabaram passando as terras do Catimbau para o capitão Matias Ferreira Luz. No dia 28 de agosto de 1726, Matias vende a propriedade a Gonçalo Pereira de Morais. Depois vendida ao capitão Leonardo Bezerra Cavalcanti – filho do capitão Manoel Leite da Silva. Após falecimento de Leonardo (em 1827), a propriedade é dividida para seus herdeiros que nunca demarcaram seus quinhões. Contudo, no recenseamento de 1920, Felix Miguel da Silva e Januário Cavalcanti Totó aparecem como proprietários de parte dessas terras.

Em 30 de julho de 1958, pela Lei nº 214 decretada pela Câmara Municipal de Vereadores de Buíque, a região do Carneiro e do Catimbau tornaram-se distritos de Buíque. Em 2001, parte do Catimbau foi estabelecida como área de proteção ambiental, pela criação do Parque Nacional do Catimbau. A área do Parque possui 62 hectares de extensão, abrangendo parte territorial dos municípios de Buíque (onde se dá o principal acesso), Tupanatinga, Ibimirim e Sertânia. O Parque abriga dezenas de sítios arqueológicos com pinturas rupestres, cânions, cavernas, vales, fauna e flora endêmicas.

No início do período republicano, o Sítio Catimbau compunha parte de um dos primeiros distritos de Buíque: Gameleira de Buíque (depois abreviado para Gameleira). Em 1927, desmembrado de Buíque para compor parte do município de Moxotó, ficando o Sítio Catimbau em toda sua extensão, a fazer parte de Buíque.

Tempos depois, por sentença judicial, o Sítio foi passado para o poder do capitão Matias Ferreira Luz que o houvera dos baianos Francisco de Abreu e Maria Fernandes Barbosa (sua esposa). Aos 28 de agosto de 1726 o capitão Matias Ferreira vende a propriedade a Gonçalo Pereira de Morais.

O Catimbau possui vários terrenos em situação irregular, o que dificulta a adoção de medidas protetivas precisas em favor da fauna e flora local. Boa parte dessas terras foram comercializadas para servir de moradia, sendo repassadas de mão em mão e documentadas apenas por recibo de posse. Outra parte das terras abarca o território indígena do povo Kapinawá, área protegida por Lei.

O Povoado de Aterrados

A região que confere a Vila do Catimbau foi inicialmente chamada de “Aterrados”. Designação dada graças às condições do solo abundante em arenito, cujos pés dos cercados à beira da estrada formavam montes de areia fina e branca. Aterrados eram os moradores daquele setor, cujas pedras eram em parte soterradas pela areia que ali predominava. A vila formou-se na área de um dos mais antigos sítios de Buíque, o grande Sítio Catimbau que em 1894 era conhecido como Arraial do Catimbau.

O povoamento da Vila começa em 1937. Honorato Bezerra Cavalcanti (nasc. 18.05.1873, falec. 1959) era filho de Saturnino Bezerra de Albuquerque e Das Dores Bezerra Leite, casado com uma mulher conhecida apenas por Sinhá, com ela teve 11 filhos: Caetano, Valentim, João, Brígida, Viturina, Emiliana, Maria, Germana, Josefa, Joana e Francelina.

Era dono das terras que constituem hoje o centro da vila do Catimbau, local onde edificou sua moradia. A casa tinha um alpendre comprido, não havia outra maior nas redondezas; ficou conhecida pelos antigos como “a casa do alpendre”. Posteriormente a área do alpendre passaria a ser usada como sala de aula do professor João Domingos Ramos.

Honorato mandou construir uma segunda casa, vizinha à dele, sendo esta doada a uma amiga de nome Margarida (sogra de seu filho). Longeva, viveu até os 103 anos.

A capela de São José foi construída através de Honorato e com a ajuda de pessoas locais, do qual também haviam recebido trechos de terras doados pelo velho proprietário. No lado oposto à capela, construiu-se a terceira casa da vila, pertencente a um dos filhos do Honorato: Caetano Bezerra Cavalcanti. Depois viera à casa de José Domingos Ramos, Paulo Leite de Albuquerque (irmão de Honorato) e Estevam Evangelista Cavalcanti.

A praça central primitiva foi construída também por moradores e desde esse período o local foi utilizado para sediar a feira do Catimbau. Onde eram vendidos os alimentos plantados nos sítios próximos. A feira serviu de incentivo para a construção de novas residências e pontos comerciais.

Ao velho líder comunitário daquelas terras é também atribuída à construção do cemitério local, ainda em funcionamento. Feito por mutirão.

Quanto as terras situadas nas margens das Serras do Catimbau, pertenceram a Paulo Leite Albuquerque, incluindo o trecho próximo ao Morro do Pititi (a pedra do cachorro).

A capela de São José

A primeira missa ocorrida em atenção a São José ocorreu na casa de Honorato, primeiro morador e devoto do santo. Na época a casa era a maior que existia por ali, servindo como ponto de referência. A capela foi erigida em terras doadas por Honorato a um padre chamado “José”. A capela foi construída pelo pedreiro Valentim Bezerra Cavalcanti (filho de Honorato) e com auxílio de André Chico, que era lento nos afazeres, porém detalhista e muito competente, qualidades que lhe rendeu a alcunha de Mestre Aranha.

O novenário de São José, desde o início sempre foi o festejo mais aguardado da comunidade. Já na alvorada, uma rajada de fogos abrilhantava os primeiros raios do dia, seguidos ao som das zabumbas e tocadores de pífanos. Evento semelhante, somente a festa do reisado, continuado pelas danças de salões improvisadas.

Capela de São José - Catimbau
Capela de São José – centro do Catimbau | imagem: Barmonte

O Sítio Bebedouro

Era propriedade de José Domingos Ferreira Ramos. Lá havia uma fonte de água permanente e a única casa de farinha da região. Os residentes na Vila dos aterrados iam até o local para pegar água ou fazer uso da casa de farinha. A água abundante garantia boas safras de fruteiras. José Domingos viu no crescente comércio da Vila a oportunidade de melhores oportunidades de venda e acabou mudando-se para lá.

Economia

Agropecuária

A caprinocultura é uma das economias predominantes do lugar. Os caprinos são mais adaptáveis a ambientes predominantemente secos, arenosos e acidentados e na maioria dos casos são criados para subsistência.

Feijão, milho, mandioca e outros tubérculos são produzidos através de técnicas rudimentares e como na caprinocultura, são plantados para sustento próprio das famílias. As sobras, em época de fartura, são vendidas na feira local ou nos distritos vizinhos.

Turismo

A atividade de maior crescimento no Catimbau ocorre por meio de visitações turísticas e atrai um público cada vez maior que necessita de acompanhamento profissional para a realização de trilhas de ecoturismo e acampamentos de aventura. O setor turístico vem dando aos moradores opções de ganho com a venda de artesanatos, promoção de passeios através de guias e condutores, hospedagem e venda de produtos alimentícios locais. O setor ainda é carente de maiores investimentos. Contudo, aos poucos vem atraindo a atenção de pessoas de fora e avivando o olhar dos residentes.


Referências:

  • BARBALHO, Nelson. Caboclos do Urubá. Editora CEHM, Pág. 88 – 261 p. Recife, 1977.
  • ALBUQUERQUE, João Evangelista. GUIA, Maria Nair da. Resgate da História de um Povo: Catimbau/Buíque – Pernambuco. Fortaleza, Premius Editora, 88fls. 2011.
Postado em Catimbau, História e marcado como , .

Publicitário, fotógrafo e pesquisador da história buiquense.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *