Cabo Preto

Cabo Preto, um cangaceiro buiquense

Um dos célebres cangaceiros buiquenses da era pré-lampiônica chamava-se Antônio José de Sant’Anna, porém conhecido pelo vulgo “Cabo Preto” e considerado o terror de Garanhuns e cidades próximas. Em setembro de 1882, uma notícia se espalhou em vários jornais, informando que Cabo Preto havia sido preso juntamente com outros bandoleiros: Bellarmino Cavalcante de Albuquerque, acusado por crime de furto no Brejo de São José e em Campina Grande-PB; Leonardo Bezerra de Sant’Anna, Manoel Correia de Lima, Saturnino Gomes da Silva e Manoel Bezerra Soares, estes acusados de crime de morte. Mas em nota emitida no Diario de Pernambuco, no dia 28 de setembro do mesmo ano, a verdade era que Cabo Preto não havia sido preso.

Não são exatas as notícias que deram os últimos jornais dessa capital com relação à prisão do celebre Cabo Preto na comarca de Buíque. Este heros continua, em plena liberdade, a série nefanda de suas negras façanhas.” – Diario de Pernambuco, 1882.

Em 20 maio de 1883, no Brejão (distrito de Garanhuns), Cabo Preto e quadrilha composta por 10 integrantes atacaram a casa de um senhor chamado Augusto Cezario de Araújo que não estava presente. O bando efetuou disparos contra o interior do imóvel, arruinaram cortiços e árvores. Dali seguiram para o Sítio Baixa da Lama, onde residia João Nepomuceno de Barros, vandalizaram o local e prometeram retornar.

Em janeiro de 1884, o capitão Francisco Furtado pedia demissão do cargo de subdelegado, por não lhe haverem condições de aumentar o destacamento de Brejão bem como ajustar as despesas necessárias para a organização de uma tropa composta por pessoas que conheciam o território onde vivia Cabo Preto. O capitão Francisco Furtado, empenhava-se na captura do facínora e seus seguidores, andava embrenhado no mato a persegui-los na companhia de 50 homens.

O delegado de Buíque, Manoel Curcino Villa-Nova, foi notificado de que Cabo Preto e seus homens estariam acampados nas mediações da Serra do Tará. Partiu para o local no dia 12 de fevereiro para capturá-los. Os bandidos, sabendo que autoridades estariam a caminho, embrenharam-se na mata espessa conseguindo driblar o policiamento. De lá seguiram para o Brejo de São José, em Buíque – notícia obtida pelo inspetor Antonio Francisco Sobral no dia 20 de fevereiro que sem demora reuniu alguns homens e saiu à captura dos bandidos. No Brejo de São José, a polícia foi recebida à bala. Mas Cabo Preto levaria a pior, no tiroteio foi mortalmente atingido por um disparo. Outro bandido, João Leite, ficou ferido, mas conseguiu escapar com os demais integrantes do grupo. Cabo Preto era considerado o terror de Garanhuns e Bom Conselho.

“[…] É uma fera de menos no interior da província: eis a sua oração fúnebre.” – DIARIO DE PERNAMBUCO, 1884.

A 29 de março, Claudino (escravo de José de Barros) e um dos criminosos do bando de Cabo Preto, foi capturado. Sendo ele julgado em 18 de junho de 1884 e condenado a 48 anos de prisão.

Em 06 de dezembro de 1888, foi capturado pelo inspetor de quarteirão de Jericó – Triunfo, João Leite, o que foi ferido no tiroteio em que morreu Cabo Preto. João Leite foi autor de diversas mortes em Garanhuns-PE.

A fama de Cabo Preto emprestou sua alcunha a outros bandidos, a exemplo de Manoel Esmeraldino de Oliveira, conforme nota publicada no Diario de Pernambuco na seção “Repartição de Polícia” em 22 de dezembro de 1888 e outro, citado no jornal “A Província” em 09 de fevereiro de 1918.


Referências:

DIARIO DE PERNAMBUCO. Edição: 00207, 12 de set 1882. p4. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&Pesq=”Buique”&pagfis=6476. Acessado em: 15.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO. O célebre Cabo Preto. 28 de fevereiro de 1884. p.4. | Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&Pesq=”Buique”&pagfis=9999. Acessado em: 09.03.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO, 28-09-1882, p3. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&Pesq=”Cabo%20preto”&pagfis=6587. Acessado em: 15.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO. 31 de maio de 1883. p3. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&Pesq=”Cabo%20preto”&pagfis=8187. Acessado em: 15.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO. 12 de janeiro de 1884. p2. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&pesq=”cabo preto”&hf=memoria.bn.br&pagfis=9686. Acessado em: 16.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO. Repartição de Polícia. 05 de março de 1884, p2. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&pesq=”cabo preto”&hf=memoria.bn.br&pagfis=10038. Acessado em: 16.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO – Repartição de Polícia. 08 de abril de 1884, nº82. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&pesq=”cabo preto”&hf=memoria.bn.br&pagfis=10261. Acessado em: 16.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO. Bom Conselho, 10 de julho de 1884, p2. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&pesq=”cabo preto”&hf=memoria.bn.br&pagfis=15654. Acessado em: 16.04.2023.

DIARIO DE PERNAMBUCO. Repartição de Polícia. 22 de dezembro de 1888, ano LXIV. Nº 292. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&pesq=”cabo preto”&hf=memoria.bn.br&pagfis=21553. Acessado em: 16.04.2023.

A PROVÍNCIA. 09 de fevereiro de 1918, nº39, p2. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=128066_01&pesq=”cabo preto”&hf=memoria.bn.br&pagfis=38335. Acessado em:  16.04.2023.

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Publicitário, fotógrafo e pesquisador da história buiquense.

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