Morcego-vampiro

A caverna dos morcegos-vampiro no Parque Nacional do Catimbau

O Brasil possui 182 espécies de morcegos que compõem cinco grupos distintos. Essas criaturas fascinantes desempenham um papel crucial no ecossistema. Algumas espécies são responsáveis ​​pela dispersão de sementes, enquanto outras agem como polinizadores – estes últimos são apelidados de “morcegos beija-flores”. Esses animais são muito úteis no controle de pragas por serem exímios devoradores de insetos. É realmente notável como esses mamíferos alados contribuem para o equilíbrio da natureza, e sua importância não pode ser ignorada.

A Draculina

Um medicamento inovador para o tratamento de doenças cardiovasculares foi desenvolvido a partir da saliva dos morcegos-vampiro (ou morcego hematófago – que se alimenta de sangue) que possui um poderoso anticoagulante. O medicamento chamado “draculina” é utilizado no tratamento contra AVC, coágulos sanguíneos e trombose. A substância tem por função desobstruir as artérias e melhorar o fluxo sanguíneo dos pacientes. É realmente incrível como a natureza fornece recursos tão valiosos através de criaturas tão fascinantes!

Pesquisas avançadas

O morcego-vampiro é muito hábil e pode passar cerca de trinta minutos sugando o sangue de um mamífero sem que ele perceba. Não há perigo de sangramento para a vítima e a quantidade sugada é mínima. São de médio porte, podendo alcançar entre 70 a 90 milímetros no comprimento, com peso aproximado de 15 a 50 gramas.

As pesquisas sobre os morcegos que habitam a área do Parque Nacional do Catimbau, tiveram início em abril de 2012. Esses estudos abrangeram tudo: desde inventários básicos de espécies, até investigações minuciosas sobre a história natural, avaliações de impacto ambiental, análises moleculares e genética populacional.

A riqueza de informações obtidas tem sido fundamental para ajudar a entender melhor os morcegos e seus habitats; eventos climáticos, fungos e parasitas associados a esses animais. Não deixando de lado, a compreensão sobre o funcionamento das cavernas em que vivem. São ricas e diversas as interações entre essas criaturas e o meio ambiente ao qual estão inseridas.

Acesso a Caverna

O caminho que leva à Caverna do Morcego Vampiro no Catimbau é pouco percorrido. Normalmente, apenas os moradores da área estão cientes de sua localização. Logo na entrada da caverna, há dificuldade no acesso por causa do teto muito baixo, obrigando os visitantes a rastejar até certo ponto. É preciso muito cuidado ao adentrar a caverna, visto que na lateral direita há um abismo profundo escavado pela passagem da água. Equipamentos, mochilas ou qualquer adereço que represente peso deve ser desprendido e repassado separadamente para evitar possíveis desequilíbrios durante a entrada. Por essa razão o local não é de livre visitação para turistas. Contudo não é um caminho fechado e havendo visitação, é importante estar na presença de um guia que conheça bem o local.

Na parte mais alta há um forte odor que caracteriza a presença dos morcegos que começam a aparecer. Para quem tem medo desses animais, entrar na caverna não é uma boa opção. Gritar ou agitar-se de alguma poderá incomodar os animais de forma a ficarem agitados, elevando a dispersão deles pela caverna. Pisar grosseiramente sobre a caverna faz subir uma fuligem que pode não fazer bem ao ser inalada. Por isso, a importância do uso de uma máscara protetiva.

Respirar no interior da caverna pode requerer um esforço extra e quanto mais se aprofunda maior a escuridão, sendo necessário uso de lanternas. Também é importante para quem adentra a caverna (por medida de segurança) usar máscara com filtro. Contudo, a recomendação dada por biólogos e outros especialistas é a não visitação ao interior da caverna. Pois, além de incomodar os animais, existem ali espécies que podem transmitir doenças aos humanos.

O local dispõe de 40 espécies de morcegos, sendo três dessas de morcegos-vampiros, estes se alimentam exclusivamente de sangue animal. Uma dessas espécies necessita de sangue a cada três dias. A ausência do alimento nesse intervalo de tempo pode resultar na morte do animal.

Na caverna podem ser avistados morcegos de coloração amarela – influenciada pela presença de amônia nos excrementos em ambientes fechados. Havendo também morcegos totalmente brancos – espécie rara que vive apenas em cavernas profundas.

Os morcegos tem um sexto sentido a mais que os humanos, que se constitui num sonar. Eles emitem pulsos sonoros – as ondas chegam até um objeto e retorna com um eco que os ajuda a se deslocarem na escuridão. Este sexto sentido dos morcegos inspirou a criação dos aparelhos de radar.

A caverna dos morcego-vampiro é monitorada e frequentada por pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), está inserida dentro da área de proteção do Parque Nacional do Catimbau, na Serra dos Breus. O Parque é gerenciado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

 


Referências:

BioBrasil Revista Científica. Morcegos no Parque Nacional do Catimbau, Pernambuco, Brasil: Síntese de uma Década (2012-2022) de Pesquisas. https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/BioBR/article/view/2384

Azevedo IS, Bernard E. Avaliação do nível de relevância e estado de conservação da caverna “Meu Rei” no PARNA Catimbau, Pernambuco. Revista Brasileira de Espeleologia. 2015; 1: 1-23. https://revistaeletronica.icmbio.gov.br/RBEsp/article/view/523

Leal ESB, Bernard E. Morcegos cavernícolas do carste arenítico do Parque Nacional do Catimbau, nordeste do Brasil. Mastozoología Neotropical/Journal of Neotropical Mammalogy. 2021a; 28:1-53. https://mn.sarem.org.ar/article/morcegos-cavernicolas-do-carste-arenitico-do-parque-nacional-do-catimbau-brasil/

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Publicitário, fotógrafo e pesquisador da história buiquense.

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