A primeira capela de São Sebastião em Buíque (Sede) foi construída em 1853, juntamente com a matriz de São Félix, quando da vinda do frei Caetano de Messina à freguesia.
“[…] possui a igreja matriz, bom e elegante templo, cujo orago e S. Félix de Cantalice, erguido, primitivamente, em 1752, e reconstruído em 1853 por Frei Caetano de Messina; um cemitério com capela de S. Sebastião, serviços ainda devidos a esse mesmo zeloso missionário […]”. (¹Galvão, p.128, 1908)
A capela foi construída com a intenção de proteger o povo mediante os rumores da primeira epidemia de cólera morbo (iniciada na Europa em 1846). A doença chegou ao Brasil em 1854, no ano seguinte a criação da capela de São Sebastião, instalada nos fundos do cemitério da nova matriz erigida em 1853. Sua edificação acalmava e consolava àqueles que perderam entes queridos e vários devotos surgiram entre os que escaparam da doença. Os casos de morte no mundo findaram em 1860.
Em 1869, a capela de São Sebastião primitiva (da Sede) era utilizada também como ponto de apoio para as eleições municipais de vereadores e juízes de paz. A cidade tinha poucos prédios apropriados para sediar ações públicas como as eleições municipais. Igrejas e capelas eram comumente utilizadas para tal finalidade. Essa capela foi demolida quando o antigo cemitério por trás da matriz deixou de existir. A área da antiga capela corresponde à entrada do atual Salão Paroquial.
A segunda capela
Em 20 de março de 1883, na Assembleia Legislativa Provincial de Pernambuco, pôs-se em segunda discussão o projeto nº 254 de 1882. O deputado Leonardo de Almeida explana seu interesse em apresentar uma emenda que concede duas loterias no valor de 120:000$ réis, sendo uma delas voltada à obra de edificação da igreja de São Sebastião na Vila de Buíque. Em seu discurso, o deputado Leonardo de Almeida prossegue:
“Sr. Presidente, rezam as crônicas dos nossos sertões que em tempos que já vão muito longe, estacionou na Vila do Buíque um varão ilustre pelo desprendimento das vaidades humanas, pelo temor a Deus e pelos sentimentos de caridade ao próximo, teve a inspiração de levantar uma igreja modesta sob a invocação do santo de seu nome. Traçou o esboço, assentou os alicerces e ia em caminho de sua obra, quando, por motivos que ignoro, foi forçado a deixar aquelas paragens […] Mais tarde a morte o arrebatou, fato este que constritou a toda a população dessa cidade. Os anos correram e o silêncio dos tempos parece condenar ao esquecimento aquela obra começada”.
Como se pode observar, a capela de São Sebastião ficou inacabada por longa data, do qual o tempo exato não se sabe. Mas, se faz provável ter sido iniciada na década de 1870. In memorian ao Frei Sebastião e por devoção ao santo que protege as pessoas das guerras e das pestes, era de comum desejo dos habitantes buiquenses que a capela fosse concluída. Serviria esta, sob os olhares da fé, como símbolo protetivo à cidade, mediante a perigosa epidemia de varíola que assombrava os moradores da região.
Assim resultou-se a partir da Assembleia do dia 20 de março de 1883, a emenda de duas loterias no valor de 20:000$ em benefício da construção da capela de São Sebastião da Sede municipal de Buíque. Em julho do mesmo ano a verba foi direcionada para início da obra.
Os novenários de São Sebastião em Buíque
Os novenários se mostravam com grande volume de pessoas e quem desejasse assistir os cultos no interior da capela, tinha de garantir o lugar chegando bem antes do início. Pela tradição, uma procissão segue por algumas ruas do centro da cidade até chegar à capela. A área onde se estende a Praça São Sebastião (pátio de eventos) ficava lotada de pessoas. Havia barracas de lanche e artigos temáticos. Até a década de 90, os novenários eram mais numerosos. Perdera muito do público jovem, mas a tradição permanece viva.
As novenas de São Sebastião em Buíque ocorrem entre 11 e 19 de janeiro com missa no dia 20. Sendo também realizadas na Capela da povoação do Tanque (distrito de Guanumby), na Aldeia Sede dos indígenas Kapinawá: Mina Grande e também, na Aldeia Pau-ferro-grosso (no distrito do Catimbau).
¹ a publicação original foi feita em 1863, por Sebastião de Vasconcelos Galvão para o Dicionario Chorographico, Histórico e Estatístico de Pernambuco.
Referências:
GALVÃO, Sebastião de Vasconcelos. Diccionario Chorographico, Historico e Estatistico de Pernambuco. 478p, Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1908.
Decisões do Governo do Império do Brasil de 1869 – tomo XXXII, p.116, Seção – Ministério dos Negócios, do Império. Rio de Janeiro, 18 de Janeiro de 1869.
DIARIO DE PERNAMBUCO. Assembleia Provincial. Sessão de 1883. 14ª Sessão ordinária em 20 de março, presidência do Exm. Sr. Dr. José Nicolau Tolentino de Carvalho. 04 de abril de 1883. p.2-3. Disponível em: memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&Pesq=”Buique”&pagfis=7810. Acessado em: 08.03.2023. | memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_06&Pesq=”Buique”&pagfis=8435.