Nicolau Aranha Pacheco nasceu em Arco do Vale de Vez (falec. 29 de outubro de 1670) – Portugal. Filho de Pêro João Aranha e Clara Fernandes de Faria – naturais de Arcos de Valdevez – Portugal. Sendo neto paterno de João Fernandes Aranha e Brites de Évora – naturais de Ponte de Lima – Portugal; e neto materno de Francisco Jorge e Catarina Fernandes de Faria, naturais de Pico de Regalados – Portugal. Eram seus irmãos: Leonor Figueira Pacheco e João Aranha Pacheco. Era primo legítimo do co-sesmeiro Ambrósio Aranha de Farias, fundador do Sítio Mororó.
Foi casado com a baiana Francisca de Sande. Filha de Francisco Fernandes, que era Senhor da Ilha da Maré (falec. 29-10-1670) e Clara de Sande (falec. 1640). Com ela teve 5 filhos: Antônio Fernandes Aranha, Pedro Aranha Pacheco, Clara Aranha Pacheco (casada com o capitão Cosme de Brito Cação – recebedor de lotes nas sesmarias dos Aranha em 1658), Francisca de Albuquerque Maranhão (nasc. Xavier Aranha de Sande – casada com Lopo de Albuquerque da Câmara Maranhão – redescobridor das minas de prata nos Campos do Buíque) e Francisco Correia de Sande.
Em 26 de janeiro de 1647, recebeu a mercê do hábito de Cavaleiro de Cristo, devido os serviços militares prestados em Pernambuco, no forte de Nazaré e no cerco de Salvador, pelo Conde de Nassau, quando substituía o sargento-mor Antônio de Freitas; em Goiania, Rio Real e Rio São Francisco.
Após concedida à mercê, apresenta ao Conselho Ultramarino, certidões de serviços prestados após 1647, incluindo os serviços prestados por seu irmão João Aranha entre 1631-1634, solicitando que fossem revistos, pois por menores feitos de guerra, outros haviam recebido grandes mercês.
Suas exigências eram a comenda de 200$, o foro de fidalgo, o cargo de Mestre de Campo e o governo do Rio de Janeiro durante 6 anos. Enquanto não governada o Rio, aceitaria o cargo de sargento-mor do Estado do Brasil e Recôncavo da Bahia.
Em 1639, o capitão Nicolau recebeu elogios régios por seu desempenho contra os holandeses, no mesmo ano, o Rei respondeu com um hábito pelo Rei de Castela, em função dos serviços de 1631 até aquela data e o cargo de sargento-mor. Em segundo parecer, o Conselho acrescenta novas mercês, contudo longe das pretensões de Nicolau, que ansiava tratamento semelhante aos dados a João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros que como ele, arriscaram a vida em momentos difíceis para defender com lealdade, a coroa portuguesa.
Em setembro de 1645, Nicolau era o comandante da revolta de Penedo, no qual apoderara-se do forte Maurício, edificado por Nassau. Expulsando os holandeses, ao lado Antonio da Rocha Dantas e Valentim da Rocha Pitta. Em 22 de abril de 1648, recebeu a patente de Mestre de Campo, assinada por D. João IV.
Conhecendo os sertões
Nicolau explorou muitas áreas do sertão nordestino enquanto lutava pela causa restauradora em favor de Portugal contra os holandeses que chegaram a dominar Pernambuco por inteiro. Conheceu o sertão do Ipanema e adjacências, interessou-se nos Campos do Buíque, muito falado por suas áreas de brejos e as minas de salitre.
As sesmarias dos Aranha Pacheco
As sesmarias nordestinas correspondem a origem de várias das cidades do interior. Na região do semiárido, chamam atenção as sesmarias concedidas pelo governador André Vidal de Negreiros em 29 de dezembro de 1658 para Ambrósio Aranha, Antônio Fernandes Aranha, Cosme Brito Cação e Nicolau Aranha Pacheco – com vinte léguas em quatro – de terras próximo ao rio cabaços, divididas em dois lotes alternados – um no rio Ipanema e outro nos Campos dos Garanhuns.
As fontes das divisões das terras do período colonial até o presente momento, constituem um grande emaranhado difícil de desatar. Ainda é possível encontrar documentações de posses e doações de uma cidade nos cartórios de outras e isso dificulta qualquer investigação sobre a história dos municípios do Nordeste brasileiro. Há papéis notarias de Cimbres em Garanhuns e Tacaratu, de Flores e Pilão Arcado em Serra Talhada, assim como de Águas Belas em Buíque e Penedo.
Não estando juntas, as sesmarias eram tomadas em partes ou nas sobras de outras datações até que se completassem as vinte léguas.
Outras sesmarias foram concedidas pelo mesmo governador a Nicolau Aranha e Ambrósio de Faria, ao Norte do rio dos Cabaços – às cabeceiras do Sargento mor Damião da Rocha e o capitão Francisco de Brás.
Sobre os Campos do Ipanema e Garanhuns – quando não encontradas juntas ou nas partes referidas, eram tomadas onde fossem devolutas ou por sobras de datas anteriores.
Em 02 de dezembro de 1659, fora acrescida mais uma sesmaria em 10 léguas (48,2 km) em quadro, com limite as terras de Garanhuns. Alguns territórios foram apropriados em grande dimensão, a ponto de serem maiores que alguns dos atuais estados de Pernambuco sem que fossem seguidas as abstenções regidas pela lei e pela prática.
As sesmarias dos Aranha Pacheco, incluía as terras de Angelim, Brejão, Caetés, Garanhuns, Palmeirinha, Paranatama, Saloá, São João, Teresinha e já no sertão do Ipanema: Águas Belas, Buíque e Pedra.
Em 1697, aparecem as providências de estabelecer limite acerca da extensão do solo. Quando ordenou-se que apenas fossem doadas sesmarias de 3 légua por 1 de largura (em quilômetros: o mesmo que 14,4km x 4,8km).
Boa parte das terras dos Aranhas nos Campos de Buíque, destinaram-se a práticas agrícolas e pastoreio.
Referências:
- CAVALCANTI, Orlando. Terra dos Aranha. Diario de Pernambuco. Primeiro caderno, sábado, 16 de dez. 1967.
- ASSIS, Virgínia Maria Almoêdo de. e ACYOLE, Vera Lúcia Costa. Buíque: Uma história preservada. 2004.
- MIRALES, José de. História Militar do Brasil. Typographia Leuzinger, Rio de Janeiro, 1900, 238p.
- Cavalcanti, Alfredo Leite. História de Garanhuns- 2ª edição- Biblioteca Pernambucana de História Municipal. -1997.
- DOCUMENTO HISTÓRICO PERNAMBUCANO (SESMARIAS). Imprensa Oficial, Vol. I, p.279-280, Vol. IV, p.41, Recife, 1954.
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