Morro do Pititi

Na base do Morro do Pititi, sob a face leste, havia um cemitério indígena onde foram encontradas ossadas humanas primitivas. O afloramento rochoso, possui altura próxima a 70m, 150m de diâmetro e 600m de perímetro. O morro é também chamado de “pedra do cachorro” por causa de sua aparência com um cão da raça São Bernardo, quando observado pela face leste.

O termo “pititi” é de origem tupi e faz referência a uma espécie de prensa usada para a secagem da massa de mandioca e o fabrico de farinha. Contudo, não se sabe o porquê da associação entre o morro e a prensa. Podendo-se deduzir que no local, tenha existido alguma atividade relacionada, realizada por indígenas.

Ossadas encontradas por Sebastião França - 1969
Ossada encontrada por Sebastião França quando buscava pelo tesouro de uma civilização antiga.
Marcos Albuquerque, Sebastião França e João Godoy - 1989
Marcos Albuquerque, João de Godoy Neiva e Sebastião França Cavalcanti – 1989

Em 1969, Sebastião França Cavalcanti (40 anos), enquanto buscava por supostos tesouros de civilizações perdidas, acabou encontrando as primeiras ossadas humanas pré-históricas da região. Os restos mortais apresentavam marcas e fraturas intencionais ocasionadas durante o sepultamento. Havia também, indícios de matéria orgânica. O que sugere um tratamento mortuário fora dos padrões encontrados em ossadas de outras regiões do Nordeste brasileiro. Além disso, também foram encontrados colares confeccionados com dentes de caititu, pedaços de cerâmica, restos de fogueiras e camadas espessas de carvão. Nos níveis mais profundos, encontrou-se facas de pedra lascada e raspadores.

A primeira ossada era de um homem com cerca de 35-45 anos e estatura próxima a 1,63m. A segunda ossada, era a de uma criança de aproximadamente 3 anos, provavelmente do sexo feminino, conforme análise da formação óssea, feita por Marcos Albuquerque e outros técnicos que estiveram no local. Os cadáveres eram cremados antes de serem enterrados. Porém, por vezes lançavam terra sobre os corpos antes que o fogo os consumasse. O que explica o fato de alguns esqueletos apresentarem partes chamuscadas.

Havendo encontrado pouco material de uso pessoal, verificou-se que o local não era usado como habitação, apenas como cemitério. Na época do achado (1969), o prefeito de Buíque, João de Godoy Neiva, passou a enxergar o Catimbau sob uma nova ótica, reconhecendo seu potencial turístico ao afirmar que ali poderia tornar-se um dia, um Parque Nacional.

Morro do Pititi - Catimbau - Buíque I
Morro do Pititi – popularmente conhecido como Pedra do Cachorro, Catimbau – Buíque-PE

O morro possui formação circular de composição arenítica com altura média de 70m, 150m de diâmetro na base e 600m de perímetro. A estrutura é de longe um dos obeliscos naturais que causa maior impacto àqueles que visitam o Parque Nacional do Catimbau. É o primeiro a ser avistado sob vários ângulos e também um símbolo natural formado pela ação do vento e das chuvas ao longo de milênios. Um afloramento rochoso em forma de esfinge que parece apreciar a paisagem e ignorar a passagem do tempo enquanto fita o horizonte debaixo do calor extremo ou envolto pela névoa fria dos períodos chuvosos.

Morro do Pititi - Catimbau - Buíque II
Morro do Pititi com vista parcial para a Serra das Torres ao fundo

Acesso

Quem entra na vila do Catimbau de longe vê o morro do Pititi e já sente o primeiro impacto da beleza cênica do Parque. O acesso se dá por estrada de de barro e areia. Mas que não dificulta o passeio de carro ou moto. Há trechos que para os ciclistas se tornam difíceis, sendo necessário percorrer alguns metros a pé. O morro é parte duma propriedade particular, isolada por um cercado de arame farpado. Atividades agrícolas ou qualquer tipo de construção na área é proibida pelo órgão que rege o Parque Nacional – ICMBio.


Referência:

  • SOLARI, Ana; PEREIRA, Anderson Alves; ESPINOLA, Carolina Sá; MARTIN, Gabriela; COSTA, Ilca Pacheco da; SILVA, Serafim Monteiro da. Escavações arqueológicas no abrigo funerário pedra do cachorro, Buíque-PE. Clio Arqueológica 2016, V31N1, pp. 105-135.
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Publicitário, fotógrafo e pesquisador da história buiquense.

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