Em 26 de novembro de 1873, o centro de Buíque virou palco de um grande motim. A população revoltou-se contra a nova Lei de matrícula de cavalos que pegou todos de surpresa. Sem que houvesse qualquer consulta do interesse público e em desacordo com as premissas constitucionais, foram afixados os editais à porta da igreja de São Félix de Cantalice para que todos tomassem conhecimento.
A notícia espalhou rápido e ao invés da aceitação aguardada pelas autoridades provinciais. Homens e mulheres armaram-se com cacetes e peixeiras afiadas para protestar contra os absurdos ali presentes. A polícia armada apareceu para pôr ordem naquela movimentação. Mas a população estava enfurecida e assim partiu contra a força policial, tal qual uma manada de cavalos selvagens que fez a polícia ficar em desvantagem.
Muitos dos paisanos saíram feridos, três deles em situação grave. Outros doze, tiveram contusões e escoriações pelo corpo. Toda a guarda se viu obrigada a recuar diante dos revoltosos que eram maioria. Sem mais obstáculos, aglomeraram-se em frente à igreja.
Os batentes curvados foram logo tomados – gritos de indignação e corpos ofegantes lançaram-se contra os editais à porta – como quem rasgara a bandeira inimiga. Naquele instante, tendo recuado a polícia, a autoridade era o povo.
No entorno da igreja, curiosos limitavam-se a observar pelas janelas, com meio-corpo às portas e aos grupos em calçadas de residências e pontos comerciais. Todos fitavam os olhos para o mesmo lugar.
A Lei provocou reações inesperadas em várias regiões da província. Por consequência de tal reação, acabou não vigorando. Não se conhece em detalhes o conteúdo disposto nos editais. Contudo, é sabido que o povo vitorioso, revelou com aquele gesto, uma breve amostra da força que tem a maioria.
Referência:
- Matrícula de cavalos. A Provincia. Recife, 11 de dezembro, 1873. Anno III.